2013 promete ser mais um ano de ouro para as seguradoras

Crescimento. Esse é o maior desafio do setor de seguros em 2013, afirma Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Seguros e futuro presidente da CNseg, confederação que reúne as empresas que atuam no setor, responsáveis por uma carteira de investimentos superior a R$ 400 bilhões. “Temos muitas frentes de negócios pela frente, principalmente no que diz respeito aos seguros voltados para o varejo”, disse ele, em uma conversa informal ontem a noite no estádio do Morumbi, em São Paulo, durante o Jogo das Estrelas, partida de futebol organizada desde 2004 por Zico e patrocinada pela Bradesco Seguros.

Segundo Rossi, há inúmeras oportunidades de negócios para seguradoras. Tanto pelo volume de investimentos previstos para 2013 como pela necessidade de proteção a riscos para tantas situações antes não previstas. Quem poderia imaginar, por exemplo, pagar uma fortuna por um ingresso do tenor Bocelli e não conseguir chegar ao show porque São Paulo parou após uma forte chuva? Hoje há seguros para quase tudo no Brasil. Inclusive para sequestro relâmpago, queima de eletrodoméstico por queda de energia, para má administração de executivos e até mesmo para limpar estragos no meio ambiente causado por um poluidor que ainda precisa ser “domesticado”.

Um dos pontos fortes do Bradesco, segundo Rossi, é a atuação no varejo, uma vez que o banco está presente, seja com uma agência, com um correspondente ou com um corretor, em todos os municípios do Brasil. “Para se ter uma idéia, vendemos mais de 18 mil apólices de seguros no canal Bradesco Express, que são nossos correspondentes bancários, em seis meses de projeto piloto”, contou. São seguros de tíquete mensal inferior a R$ 10. “Além disso, temos uma demanda importante de seguros pelas empresas, desde a grande até o microempresário, que buscam proteção para a operação e benefícios para reter e atrair talentos”. A educação financeira e a divulgação institucional de seguro, previdência, saúde e capitalização continuam entre as prioridades de Rossi, que prevê encerrar 2012 com crescimento acima da média do mercado.

Com tamanho otimismo dos executivos do setor, que revelaram expectativas semelhantes a de Rossi nas entrevistas concedidas nos últimos 40 dias, o setor deverá manter o ritmo frenético de notícias em 2013. As seguradoras, como nunca antes, geraram conteúdo como nunca em 2012. Consequentemente, foram notícia praticamente todos os dias do ano em jornais, teves, radios, portais e blogs. No Brasil e no exterior. O mais interessante foi a abrangência dos temas, até pouco tempo atrás limitado a automóveis, companhias com ações em bolsa e coluna de defesa do segurado.

Entre os preferidos da imprensa temos a entrada de novos players e entrevistas com CEOs mundiais em visita ao país. Principalmente em resseguro. Com a chegada da resseguradora do grupo Allianz, sobe para 13 o número de companhias locais autorizadas a operar no Brasil. Eventuais são cerca de 60 e as admitidas somam 29. Em saúde, um grande destaque foi a compra da Amil pela gigante United Health Group (UHG) por mais de R$ 9 bilhões. Também foi relevante o resultado obtido pelo grupo BB Mapfre e Zurich Santander, que praticamente finalizaram a integração das operações para poder começar 2013 com resultados consolidados.

Com empresas maiores e fortalecidas, a concorrência fica mais acirrada e a troca de presidentes impõe mudanças nas estratégias das seguradoras. A participação estrangeira ficou tão relevante, que Paulo Marraccini, representante da alemã Allianz, venceu a disputa para o comando da FenSeg, a federação que reúne as seguradoras de seguros gerais e resseguro. No entanto, o maior número de notícias ficou para microsseguros, seguido de inovação, tecnologia, solvência, sustentabilidade e adaptação das empresas a um novo cenário de juros baixo. Tivemos também muitas matérias sobre lançamentos de produtos em todos os segmentos – seguros gerais, previdência e vida, saúde e capitalização.

Tanta movimentação gerou outro motivo para comemorar: o expressivo aumento de jornalistas que cobrem o setor. Tenho muitos concorrentes agora. Ainda bem, pois de monótono chega a minha própria pessoa. E o ano ainda não acabou e cá estou eu com mais notícias. Hoje a Susep soltou muitas portarias. Entre eles, autorização para empresas do grupo BB Mapfre a atuarem em microsseguros: Mapfre Seguros, Mapfre Affinity, Vida Seguradora e Aliança do Brasil, bem como a Panamericana de Seguros.

Tudo indica que em 2013 o ritmo será ainda mais frenético, com tantos eventos programados ( o evento mundial da Limra será no Brasil em 2013), tantos contratos de obras de infraestrutura a serem assinados, tanto transporte de equipamentos e mercadoria em um país que se prepara para sediar dois eventos mundiais. Enfim, 2013 promete muita movimentação nesse setor que prevê bater R$ 400 bilhões em arrecadação até 2015, segundo estudo da CNseg. A entidade estima que o seguro rural saltará 84%; e o segmento patrimonial, 60%, riscos de engenharia 300%. Bem, se depender da vontade da presidente Dilma, o setor terá muitos negócios e, consequentemente, vai ser notícia e vai continuar atraindo investidores. Ontem Dilma anunciou a edição de medida provisória que abrirá crédito extraordinário de R$ 42,5 bilhões no Orçamento da União deste ano.

Tais números aumentam as expectativas com o setor de seguros e aguçam o apetite dos investidores. Só neste mês tivemos autorizações de investimentos da BTG Pactual, Sancor e aprovação de R$ 15 milhões do Banco Mundial na Terra Brasis. E as corretoras online. Milhões de reais para viabilizar a tecnologia necessária para vender seguro pela internet. Fora um sem fim de aprovações de aumento de capital. Só hoje temos o aumento de R$ 13,5 milhões no capital da Bradesco Capitalização, que passa para R$ 180 milhões. A BMG Seguradora também elevou o capital em R$ 38,5 milhões, para R$ 56 milhões. A Cardif aportou R$ 39,5 milhões, elevando o capital social para R$ 276 milhões.

O ano já deve começar com destaque para o setor, com o IPO da BB Seguros. Nos bastidores do setor falam em um segundo programa de emissão de ações no setor. Esse, por enquanto, totalmente confidencial, afirmam os executivos de plantão.Logo pensei na Bradesco, a única que não tem um sócio estrangeiro. Mas Rossi descartou: “Nossa estratégia continua a mesma. Seguridade é um tema importante para nossos acionistas há anos e assim continuará”, afirmou. Pressionado sobre o grande volume de dinheiro que o grupo poderia ganhar com o voraz apetite dos investidores estrangeiros por um quinhão do mercado de seguros, Rossi brincou: “O que faríamos com tanto dinheiro?”.

Bem, imagino que se Rossi, um dos poucos executivos do setor que participa ativamente do Facebook, colocasse essa pergunta na rede, teria inúmeras sugestões e propostas. Ainda mais que o grupo está extremamente ativo na divulgação de práticas sustentáveis como os investimentos em projetos como a Ciclofaixa, o Porteiro Amigo, Jogo das Estrelas, bem como a Árvore de Natal e o patrocínio de diversos espetáculos, como Família Adams e em 2013 o Rei Leão. Vai que…. surge uma oportunidade. Ainda mais sendo a seguradora oficial dos Jogos Olímpicos de 2016 e com um cenário extremamente competitivo pela frente com os bancos concorrentes buscando no seguro uma forma de compensar a perda de rentabilidade com o spread. Sempre é bom ter $ de sobra na mão.

É isso. Um 2013 cheio de novidades para todos. E que todos me contem tudo para eu poder levar muita informação de qualidade para os leitores. De preferência, em primeira mão! E que possa ajudar que mais pessoas tenham a proteção financeira para continuar vivendo com qualidade mesmo diante de imprevistos! Desejo que as seguradoras superem os desafios e as dores do crescimento, com rentabilidade, é claro, para garantir o investimento requerido pelas novas regras de solvência, tão vital para garantir os direitos dos consumidores e a sustentabilidade do setor.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

2 COMENTÁRIOS

  1. Denise,

    Parabéns pela excelente matéria e pelo conjunto de sua obra. Você é uma das pioneiras na cobertura do setor quando este não despertava tanto interesse e, graças à sua tenacidade e talento, hoje é uma das maiores experts e jornalista hiper-respeitada no setor. Aproveito para agradecer a menção às Corretoras que estão investindo bastante em tecnologia – também é algo pioneiro que requererá muito trabalho, disciplina e perseverança para tentar ajudar a ampliar o mercado de seguros no Brasil.
    Feliz 2013!!

    Marcelo Blay

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