BB Mapfre: começa a disputa pelos consumidores

BB Mapfre e Mapfre BB, as duas holdings que consolidam as operações de seguros gerais, vida, rural e habitacional do maior banco do país com a maior seguradora da Espanha começaram efetivamente a operar neste segundo semestre. A Susep deu uma pré-autorização para a fusão de 14 companhias, após um aporte de R$ 300 milhões do BB na semana passada. Agora o grupo tem seis empresas e no futuro deverão somar quatro ou duas.

A fusão traz grandes significados, mas um deles é prioritário: os consumidores vão começar a sentir no bolso os efeitos da concorrência entre as maiores seguradoras do país neste segundo semestre, período das principais renovações de apólices individuais e corporativas. Isso porque a BB Mapfre nasce como o segundo maior grupo segurador do país, superado pelo grupo Bradesco Seguros quando consolidamos todos os segmentos: seguros gerais, vida e previdência, capitalização e saúde.

No entanto, como BB não atua em saúde, é preciso tirar o segmento das contas. Mesmo assim, o Bradesco continua na liderança. Mas quando o assunto é somente os ramos de seguros gerais, BB passa a ser o maior. Em automóvel, perde apenas para a Porto Seguro, sócia do Itaú. Já em vida, tem a liderança. Em VGBL, a disputa esta acirrada. Em março, a Brasilprev deteve a liderança, mas em abril e maio o posto voltou para a Bradesco Vida e Previdência. Vamos ver como será o balanço consolidado do resultado do primeiro semestre, que será divulgado em agosto.

Esse sobe e desce torna a busca pela liderança totalmente inócua. Para o consumidor, pouco importa quem é o maior em vendas. A seguradora ser tradicional e solvente, ou seja, ter patrimônio suficiente para honrar seus compromissos, conta pontos. Para os acionistas, a liderança do ranking também pouco importa. A companhia tem de ser influente para poder traçar políticas estratégicas do setor. Faturamento importa quando vendas maiores significam redução de custos e poder de barganha para negociar com fornecedores. Nos bancos, por exemplo. O que conta é o lucro e não a receita de intermediação financeira.

Para se ter uma idéia, nos Estados Unidos, países da Europa e no Japão, onde se concentram as maiores seguradoras do mundo, sendo boa parte delas com ações negociadas em bolsa, o faturamento nem é citado na divulgação do balanço. O que importa mesmo é o lucro operacional, o retorno sobre o patrimônio, a valorização da ação, os dividendos pagos. Um dia chegaremos lá. No Brasil, temos apenas a Porto Seguro e a SulAmérica com ações em bolsa, além de duas corretoras de seguros, a Brasil Insurance e a Qualicorp, bem como algumas operadoras de saúde.

O que realmente importa ao consumidor: preço, inovação, facilidades de compra, atendimento e um pagamento rápido da indenização dentro do combinado no contrato. Para o acionista, uma empresa que traga rentabilidade acima do que ele pode conseguir aplicando seus recursos em títulos de renda fixa e que agregue valor no longo prazo é o atrativo mais razóavel. Por isso, esses são os maiores desafios dos presidentes das duas holdings criadas na associação BB e Mapfre.

Durante coletiva de imprensa realizada hoje com jornalistas em São Paulo, os dois presidentes apresentaram a composição do grupo e os desafios que a parceria promete para os próximos anos. De cara, anunciaram três novidades. Um novo seguro rural, tropicalizado da Espanha e que garante a renda do agricultor, a busca por um parceiro em grandes riscos para aproveitar a demanda por seguros gerada pelos milionários projetos de infraestrutura e a contratação de 1 mil pessoas para o call center.

“Os investimentos estão concentrados em tecnologia, call center e campanha publicitária que tem início no próximo dia 10”, conta Marcos Eduardo Ferreira (foto, a esquerda), presidente da Mapfre BB, responsável por seguros gerais e parcerias com redes de varejo, segmento conhecido como “affinity”.

O grupo nasce com 4 mil funcionários, 17 mil pontos de vendas e 25 milhões de clientes e deverá encerrar o ano com prêmios totais de R$ 9,2 bilhões, 7% acima dos prêmios das duas empresas registrados em 2010, de R$ 8,6 bilhões. A meta no médio prazo é crescer bem acima do setor, que projeta avançar 14% em 2011, em razão da base de clientes do BB estar ainda praticamente inexplorada quando o assunto é seguro. O uso das marcas vai ser determinado pelo canal de distribuição. Para produtos comercializados nas agências do BB, a marca sera BB Seguros. Já para a venda de produtos por intermédio dos corretores, a marca Mapfre prevalecerá.

No mês passado, como fruto da parceria, o BB lançou um seguro rural que dá garantia também a renda do produtor. “Ter um parceiro internacional nos ajuda a trazer para o Brasil várias soluções mundiais”, diz Roberto Barroso (foto, à direita), presidente da BB Mapfre, responsável por vida, rural e habitacional.

O call center tem a prioridade de um coração para os grupos. “Vamos fazer o atendimento aos clientes, pois esse momento de contato é prioritário para o sucesso da operação”, comentou Barroso. A primeira etapa visa a contratação de mil pessoas até o final deste ano. Num segundo passo, o grupo tentará consolidar as operações em um único local. Hoje são cinco prédios, o que eleva o custo administrativo e reduz o poder de competitividade.

Um ponto destacado por ambos foi a gestão compartilhada. O contrato assinada há quase dois anos prevê exclusividade pelo prazo de 20 anos, renovável de acordo com o desejo das partes. Barroso explicou que a Mapfre terá o controle acionário, para que as empresas sejam privadas e assim livrem o BB da burocracia de uma empresa estatal.

A principal carteira da nova empresa é o seguro automóvel, com 15% de participação de mercado. São mais de 2 milhões de veículos segurados. Segundo Barroso, seu maior desafio será desenvolver o seguro rural. “Somos o maior país do mundo em vários segmentos agrícolas e menos de 10% da safra conta com apólice de seguro”. Já para Ferreira, o desafio está na integração das equipes e dos sistemas.

Pelos cálculos dos acionistas, os dois CEOs terão na verdade o grande desafio de manter a rentabilidade da operação em um cenário de concorrência nunca antes visto no mercado de seguros, principalmente de automóvel. Além de novos concorrentes, os consumidores estão mais exigentes e contam com o apoio da internet para comparar preços e serviços. Sem revelar valores, o grupo mostrará aos consumidores numa nova campanha que nasce um novo conceito de seguros e uma nova geração de produtos e de atendimento.

O Banco do Brasil e o grupo Mapfre, o maior segurador da Espanha, aguardam bons retornos. O BB quer aumentar de 15% para 24% a participação de seguros no lucro do banco até 2013. É um índice menor do que os 30% apresentado pelo Bradesco, mas maior do que os 10% do Itaú. Mas ainda falta entrar nessa conta o polpudo dividendo pago pelo IRB Brasil Re, maior ressegurador local, que em breve será comandado pelo BB em parceira com Bradesco e Itaú. Vai ser uma briga de gigantes muito interessante de acompanhar. Ainda mais se a Susep fizer um aperto nas regras de solvência, o que estimulará mais uma onda de aquisições.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

1 COMENTÁRIO

  1. BBseguros Mapfre é o pior do munnnndo!!!

    Renovamos o seguro do nosso veículo em 28-10-11 e até hoje estamos enfrentando a maior ‘esculhambação’ do munnnndo. Até hoje não recebemos a nossa apólice atualizada. Na renovação alteraram até o nosso perfil e depois muito dificultaram a sua correção. Até hoje a BBseguros Mapfre está sendo irresponsável, cínica,nos enchendo de suspeições,e etc.Como clientes do BB há mais de 38 anos estamos convictos que vcs apodrecem a boa imagem do BB, porque atuam tipo “camelôs”/ não mais nos inspiram confiança. Essa bagunça é do tamanho de ‘caso de polícia’.Já fizemos mais de 50 ligações – localize-as e constatem o tamanho da falta de vergonha,da irresponsabilidade, e cinismo como vcs estão atuando. Não apodreçam o BB, e também não vendam ilegalidades: – exigir ‘dano moral’ é venda casada, dentre outras ‘tramas’.Estamos indignados,COM MEDO DE VCS, enojados, e já nos perguntando: 1-como clientes estilo BB devemos continuar confiando nossas aplicações ao BB? 2- todos dessa “turma” são func. concursados do BB? 3- quem não pertence ao BB vai se preocupar com a boa imagem dele?

    – Há mais de 60 dias vcs estão para nos devolver R$ 77,09 e não devolvem;
    – O primeiro pagamento era 15-11-11 e vcs atacaram a nossa conta em 04-11-11.

    Tenham vergonha e fidelidade aos bons princípios, cambada de “camelôs”. Estamos enojados de vcs.

    Roosevelt M. Prudente/056654855-00 /(79)9984-7473.
    Apolíce n°3897001807931.

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