Ampliar a participação de seguros no resultado do banco com base na qualidade de atendimento ao cliente. Esse é o principal desafio de Marcos Lisboa, que assumiu em maio como CEO de seguros no Itaú Unibanco. Depois de sanear o IRB Brasil Re para a abertura do mercado, em 2005 e 2006, Lisboa seguiu para o Unibanco e com a fusão com o Itaú passou a compor a tropa de elite formada por Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, presidente executivo e presidente do conselho de administração do maior banco privado do país, para conduzir o processo de integração da fusão dos dois bancos.
Responsável por diversos processos que envolviam transparência e mitigação de ruídos na comunicação com o consumidor, agora o ex-vice-presidente de riscos operacionais e eficiência do Itaú volta a participar ativamente do dia a dia da indústria de seguros, inclusive de resseguros, uma vez que o Itaú detém uma parcela significativa do IRB. A expectativa de executivos do setor é de que Lisboa venha a ser uma peça chave na conciliação de interesses dos diversos grupos econômicos e assim possa colaborar para o crescimento sustentado da indústria, com menos segurês e mais transparência para tornar o produto mais acessível à população.
Para ele, a consolidação do setor nos últimos dois anos, com os bancos vitalizando a área de seguros, ajudou a criar um mercado mais forte. “As seguradoras ficaram mais robustas, capazes de fazer frente aos desafios que o setor terá nos próximos anos”, diz. Segundo dados da consultoria Siscorp, a Itaú é a segunda maior em lucro líquido do setor, com R$ 411 milhões no primeiro trimestre deste ano, e também em vendas, com R$ 4 bilhões no mesmo período. Veja a seguir os principais trechos da entrevista concedida à jornalista Denise Bueno.
Seguros passou a ser uma operação mais importante para o Itaú nos últimos anos, não?
Após a fusão entre Itaú e Unibanco, a operação de seguros ganhou ainda mais força, sendo estruturada para atender os diversos segmentos de mercado, com foco na satisfação dos clientes e gestão de riscos. O Unibanco comprou a participação de 50,1% que o American International Group (AIG) detinha em sua seguradora por U$ 805 milhões, encerrando 11 anos de uma das mais bem sucedidas histórias de parceria no mercado de seguros. Depois compramos a participação da XL Insurance na ItauXL Soluções Corporativas e nos associamos com a Porto Seguros.
Quais os desafios do país e do setor nos próximos anos?
O país tem uma série de desafios para os próximos anos, a maioria ligada ao setor de infraestrutura de modo a viabilizar o importante crescimento que temos tido. As seguradoras poderão colaborar com contratos de garantia, engenharia, responsabilidade civil, riscos operacionais. Mas para isso será necessário ao setor se reforçar em capacidade financeira e técnica.
E qual o seu desafio à frente de uma das maiores seguradoras do Brasil e da América Latina?
No Itaú Unibanco, nosso desafio para esse e os próximos anos é ampliar a participação de seguros, previdência e capitalização no resultado do banco. No primeiro trimestre deste ano já observamos aumento de 26% no lucro da operação de seguros em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para vida em grupo e soluções corporativas para grandes empresas e projetos de infraestrutura e expansão, bem como no mercado de pequenas e médias empresas com produtos patrimoniais e vida em grupo. No seguro individual, os principais destaques foram apólices de vida e prestamista (seguro que garante o pagamento da dívida em caso de morte ou invalidez do titular).
Quais as principais estratégias e investimentos da seguradora para enfrentar a concorrência?
No centro de nosso desafio está o bom atendimento ao cliente, transparência, simplificação de contratos, enfim, uma série de ações para estreitar o relacionamento com os segurados e estar próximos de suas necessidades. Queremos ajudá-lo a proteger suas finanças e patrimônios contra riscos adversos. Nosso planejamento inclui ampliar participação em grandes riscos e soluções corporativas – área em que temos muita experiência -, expandir as parcerias da Garantec com varejistas de modo a oferecer aos seus clientes proteção contra defeitos de centenas de itens, desde pequenos e portáteis até grandes eletrodomésticos, além de, no segmento de pessoa física, proporcionar produtos cada vez mais em linha com as expectativas e necessidades dos clientes.