Os economistas da Swiss Re apostam na manutenção da recuperação do mercado de seguros em 2010. Segundo evento realizado ontem, o economista chefe Thomas Hess informou que os balanços apresentados até agora de seguradoras e resseguradoras mostram uma retomada no lucro e nas vendas. Aliado a isto, temos o fato da situação financeira mundial estar mais animadora do que um ano atrás. No entanto, o setor tem um longo caminho pela frente, com alguns potenciais obstáculos a serem superados, como o aumento da regulamentção, baixo retorno nas aplicações financeiras e mudanças climáticas.
“A economia global cresceu no segundo semestre de 2009, mas a recuperação é frágil”, disse. Sem impactos relevantes da crise financeira dos Emirados Árabes em outras partes do mundo, os economistas do grupo suíço acreditam que o crescimento será pequeno em 2010, mas vai acelerar moderadamente em 2011. A política monetária passará a ficar mais apertada no final de 2010 e reduções de estímulo fiscal vai seguir pouco depois até os mercados se equilibrarem”.
Segundo o estudo da Swiss Re, o crescimento real do PIB nos países da OCDE é estimado em 2,5%. Já nos mercados emergentes, a alta é animadora: 6%. Em relação as commodities, o estudo mostra que os preços do petróleo devem continuar bastante próximos dos níveis atuais, aumentando ligeiramente em 2011 e 2012, quando a atividade econômica deve se acelerar. A redução da flexibilização da política monetária poderá valorizar os rendimentos dos títulos do governo, especialmente em 2011.
O obstáculo a ser transposto pelas seguradoras está numa maior regulação da indústria de seguros, como conseqüência das perdas registradas pelas seguradoras de crédito, como as monolines, com Fannie, e principalmente AIG. Ele acredita que as seguradoras e resseguradoras ainda precisam melhorar o relacionamento com os governos e autoridades monetárias para enfatizar a diferença operacional entre seguradoras e bancos. Desta forma, evitarão que o setor fique engessado com amarras que não refletem a realidade da indústria.
Diante da boa performance dos mercados emergentes durante a crise, é esperado um crescimento maior na indústria de seguros nesses países em relação às economias desenvolvidas. Os BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia) continuarão liderando o crescimento, com exceção da Rússia, mas afetada pela crise financeira.
Quando o assunto são as catástrofes naturais, a conseqüência vem para todos os países. “Perdas de catástrofe natural global têm aumentado significativamente nas últimas décadas e devem crescer ainda mais”, disse Matt Weber. “A Europa tem registrado perdas acima da média em 2009. O impacto das alterações climáticas poderá causar mais catástrofes com mais freqüência em todo o mundo no futuro, principalmente no que diz respeito a enchentes.”
De acordo com o estudo, a média mundial de perdas seguradas com catástrofe natural entre 1970 e 1989 foi de US$ 5,1 bilhões por ano. Mas aumentou para US$ 27,1 bilhões por ano entre 1990 e 2009. Como resultado, podemos ver a demanda crescente de coberturas por catástrofe natural. Diante deste cenário, torna-se cada dia mais prioritário o estabelecimento de parcerias público-privado na luta contra o risco de um aumento substancial dos riscos gerados com a mudança climática.