JB: O Futuro do Automóvel – Da Destruição Criativa à Inovação Disruptiva 

Fonte: JB

A dinâmica do capitalismo e os efeitos das inovações sobre a atividade econômica foram magistralmente descritos pelo economista austríaco Joseph Schumpeter (1883/1950) que cunhou o conceito de “destruição criativa”. Trata-se de fenômeno pelo qual o aparecimento de uma tecnologia ou o desenvolvimento de um processo de inovação tem o poder de destruir mercados, produtos e modelos de negócios de empresas consolidadas, criando uma mudança estrutural e definitiva na oferta do setor produtivo que experimentou tal inovação, mas abrindo uma janela de oportunidades para a reciclagem de empresas e o crescimento da economia.

Mesmo com toda a dificuldade para a avaliação de efeitos do impacto da eclosão de processos tecnológicos disruptivos, há elementos teóricos que nos permitem formular a hipótese de que a indústria automotiva internacional se encontra no limiar de ciclo de grandes transformações. As mudanças estruturais no setor automotivo estão em compasso com impactos de igual magnitude em outros ramos da economia, englobando as indústrias de automação, informática e processadores, telecomunicações e telefonia, atividades de gerenciamento e armazenagem de dados, infraestrutura urbana e rodoviária, transporte de pessoas e cargas, venda e comercialização de autos, organização da prestação de serviços vinculados ao uso de automóveis de aluguel ou compartilhado, com efeitos sobre a prestação de serviços de segurança no transporte etc.

Notadamente, a atividade de seguros será afetada fortemente por tais inovações com impactos sobre o ordenamento jurídico (normativo e regulatório) que atualmente rege a assunção de responsabilidade e os contratos de seguro em especial as coberturas de natureza indenizatória, relacionadas às eventuais “falhas” de atores/ agentes envolvidos no novo ambiente, e suas relações com a atividade e os processos de fabricação, comercialização e uso de automóveis.

A Revolução Industrial 4.0 e o automóvel 

Essa nova realidade será o fruto de uma nova concepção industrial, a chamada Indústria 4.0, que aglutina tecnologias inovadoras com o uso de tradicionais, em novos formatos de processos e produção, como podemos verificar nos arranjos que emergem da criação de protótipos em uso desde o ano de 2013 onde grandes empresas montadoras convivem em associação, com empresas de tecnologia situações reais, com a expectativa do alcance de mais 1.300 milhão ao longo dos próximos dois anos.

O impacto do uso de tais tecnologias e a configuração de mudanças estruturais em diversos setores da economia tem contribuído para a adoção de esforços e incentivos ao desenvolvimento de tais inovações, por parte de governos (Reino Unido, Alemanha, Japão) seja ao nível federal quanto estadual, Cingapura, também colocou em pratica um projeto de incentivo ao uso carro com condução autônoma, focando no transporte de passageiros em especial serviços de taxi em áreas delimitadas.

O auto do futuro é um sistema integrado de materiais recicláveis e cambiáveis, gerido por plataformas digitais móveis. No segmento de autos de passeio, deixará de ser uma peça de ostentação e uso exclusivo, passando a ser um produto solidário, cooperativo e passível de compartilhamento no uso.  Como no caso dos computadores, o carro do futuro passará por alguns upgrades antes do seu descarte.

No segmento de autos para uso comercial, teste com caminhões de transporte de cargas e utilitários para uso em minas (Volvo na Suécia), fazendas e canaviais (Volvo no Brasil), tem apresentado desempenho (consumo de combustíveis, desgastes de materiais em percentuais inferiores aos de uso envolvendo a tecnologia tradicional e nenhum acidente envolvendo pessoas).

Embora os testes ainda se encontrem em fase embrionária a possibilidade de acesso a áreas de alta insalubridade (minas,) trabalho noturno em temperaturas oscilantes (fazendas) e áreas extensas (canaviais) com rotinas rígidas situações operacionais em longo de períodos, sem a possibilidade de acidentes (noventa por cento, associados com a presença de fadiga e falha humana), o que pode agregar elevados ganhos de produtividade às atividades. A grande vantagem apresentada nos testes é a possibilidade da utilização dessa tecnologia em ambientes inóspitos e a eliminação de situações de elevado estresse psicológico.

Um nova regulação estatal para os automóveis

Uma grande mudança na regulação estatal incidente sobre o transporte de pessoas e carga e o arcabouço legal vinculado (tributário, contratual, direitos e obrigações).

Isto significará maior ênfase na segurança com a minimização de situações passiveis de colisão e acidentes, como o recente acidente envolvendo um automóvel em teste pela UBER em parceira com a VOLVO, o que obrigou a uma paralisação temporária dos testes, por conta da ocorrência de uma fatalidade que ocasionou a perda da vida de uma ciclista.

No entanto a nova tecnologia, apresenta indicadores mais do confiáveis em experimentos repetidos em quase dezenas de milhões de milhas de teste. A grande vantagem da tecnologia apresenta é o fato de  ter elevada funcionalidade,  ser totalmente elétrico, não ter nenhuma combustão e geração de calor,  ou qualquer tipos de contaminação ambiental e zero emissão de poluentes, na modalidade hibrida detém maior flexibilidade no uso de múltiplos combustíveis ou fontes de células de energia e alto valor adicionado em programas e processadores. Estima-se que esse automóvel, que já existe experimentalmente, estará disponível ao público nos próximos 5 a 15 anos.

Outra característica é que serão autos que se comunicam entre si e com os sinais de trânsito e sistemas de gerenciamento de trafego urbano e estradas. Efetuarão comunicação com estacionamentos e centrais de monitoramento de vagas e receberão informação de centrais de controle de congestionamentos, ao mesmo tempo em que serão carros dotados de instrumentos capazes de gerir sistemas complexos de dados.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS