Transparência para que clientes entendam a oferta, recomenda Eduardo Giannetti

O economista Eduardo Giannetti destacou a importância do mercado segurador para respaldar o crescimento do Brasil. “Embora o setor tenha crescido mesmo diante do recuo do PIB, há outros sinais de que há muito mais para avançar”, comentou em sua palestra de encerramento da 6ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros organizada pela Confederação Nacional de Seguros (CNseg), com apoio da Escola Nacional de Seguros, em São Paulo, que acontece nesta quinta-feira, em São Paulo.

Embora a participação do mercado segurador no PIB brasileiro tenha aumentado de 1% para 6% nos últimos 15 anos, o país ainda é apenas o 44º colocado no ranking mundial de consumo per capita do produto. Ele cita dados do setor como os 150 milhões de pessoas sem plano de saúde, 120 milhões sem seguro de vida e acidentes pessoais e 180 milhões sem plano dental. Além disso, cerca de 38 milhões de automóveis circulam sem seguro pelas cidades brasileiras, quase 60 milhões de residências não possuem nenhum tipo de apólice patrimonial e cerca de 3 milhões de empresas ainda não dispõem de nenhum tipo de proteção.

Do que depende o crescimento do setor?, questiona. Ele cita três fatores. O primeiro é a normalização econômica, com um PIB que volte a crescer, um desemprego que caia e a melhoria da renda da população. Em segundo lugar ele cita as reformas institucionais, como a da previdência, da saúde e também do mercado de trabalho. E em terceiro, ele cita que o avanço do setor depende da inovação e criatividade, bem como competição saudável para que o consumidor possa receber a melhor oferta de produto em preço e em qualidade.

A reforma previdenciária e trabalhista são imperativas. Assim como a demográfica, que é relevante para quem atua no mercado segurador. “Teremos em 2050 30% da população com mais de 60 anos. Tínhamos nove trabalhadores para cada aposentado e hoje já são 5,5. Em 2050 serão dois trabalhadores para cada aposentado. Não dá para que pessoas se aposentem com 52 ou 53 anos. A questão é : deixa arrebentar, ou vamos agir preventivamente para que o sistema tenha coerência”, comentou.

Com tais reformas, diz, o mercado segurador vai se redefinir. Ele afirma que a eficiência e inovação é que legitima a existência de uma empresa no mercado. « A inovação não e fazer melhor e sim o que ninguém está fazendo. Identificar um nicho de mercado e sai na frente porque oferece algo para uma demanda genuina. A tecnologia permite produtos personalizados, acrescenta, além da descoberta de novos nichos como o risco cibernéticos. Citou também a economia compartilhada, na qual haverá a necessidade de se precaver de risco. Além da redução de custo, se souber usar as ferramentas de forma adequadas.

Fala-se muito em educação financeira, que para ele, o atual cenário não vai mudar no curto espaço de tempo. “Vocês têm de entender o consumidor e não prejudicar o mercado por não entender a precariedade de quem está do outro lado. Não adianta colocar um contrato na mão do cliente, pois as pessoas não leem. Tem de ter comunicação verbal clara, direta, para que esteja claro para todos o que esta sendo comprado. É fundamental esse entendimento. Seria muito bom trabalhar com clientes bem formados. Mas isso demorará para acontecer. O setor tem tudo para florescer, mas é preciso fazer isso de uma forma sem conflitos, pois não interessa a ninguém que as coisas terminem na Justiça”.

Para finalizar, ele enfatizou que o mercado segurador tem em sua base a confiança como um elemento fundamental. “A mudança de governo abre espaço para negociações e acordos voluntários. Uma aposta na liberdade. Mas é fundamental que haja transparência e confiança entre as partes, se não vamos voltar para um excesso de regulação que não interessa a ninguém”, sugeriu.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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