Aumento do custo de capital e regras de Solvência II devem elevar demanda por resseguro

Grupo de participantes no evento Alarys, nas Bermudas, com Rodrigo Protasio, da JLT
Grupo de participantes no evento Alarys, nas Bermudas, com Rodrigo Protasio, da JLT

O aumento do custo de capital e Solvência II devem elevar a demanda por resseguro no médio prazo. Em 2017, porém, o mercado permanece soft e competitivo. Essa é a tendência que se pode observar no primeiro dia do congresso Bermudas 2016, promovido pela Associação Latino-Americana de Gerenciamento de Riscos (Alarys), em Hamilton, Bermudas, que tem como tema riscos emergentes e não tradicionais, segundo Rodrigo Protásio, CEO da JLT Resseguros, que faz parte da delegação brasileira presente no evento, que teve início no dia 25 e termina amanhã, dia 27.

“Essa é tendência de preço para 2017, com a ausência até agora de uma grande perda catastróficas. Até o momento, a temporada de furacões está poupando os Resseguradores de perdas importantes, com atividade baixa, o que deve aumentar a liquidez de mercado”, disse ele ao blog Sonho Seguro. De acordo com Protasio, as taxas de juros norte-americanas deveram ser aumentadas em dezembro pelo FED mas acredita-se que o aumento será igual ou menor que 1% e que já estaria elasticamente precificado. “Tudo isso aponta para uma contínua redução de taxas para o próximo ano, com reduções para os bons seguradores e programas de 10% aproximadamente”, afirma.

Para o especialista em risco da WEG Vanderlei Moreira, o congresso da Alarys é uma demonstração de como o mercado latino americano pode se fortificar com alianças necessárias. “Unidos, teremos a cada dia como viabilizar operações mundiais de nossas empresas multinacionais brasileiras e também para conhecermos as legislações de cada país vizinho”, comentou Moreira, que também é vice presidente da Associação Brasileira de Gerenciamento de Risco (ABGR).

A indústria global de resseguros enfrentam grandes desafios em razão do excesso de capital, que acirra a competição e torna as negociações mais comerciais do que técnicas, com queda de preço, coberturas amplas e queda de franquias. Além da competição entre as resseguradoras, há farto capital para investidores que buscam rentabilidade melhor do que as taxas de juros negativas ofertadas por vários governos de economias maduras. Esses investidores movimentam um segmento chamado Transferências Alternativas de Risco (ART) e apresenta taxas interessantes de crescimento ao levar contratos antes negociados pelas resseguradoras tradicionais. Bermudas faz parte dos mercados regionais de resseguros, criados por resseguradores e investidores, também em países da Ásia, África, Estados Unidos, que disputam com os tradicionais mercados, no qual o mais famoso é o Lloyd’s of London, com sede na Inglaterra, mas que opera com escritórios em vários países, inclusive no Brasil.

A delegação brasileira no evento de Bermudas tem cerca de dez representantes. Além de Protásio, participam Vanderlei Moreira, vice-presidente da ABGR, Ângelo Colombo, CEO Latam da Allianz Global, entre outros.⁠⁠⁠⁠ A JLT é uma das apoiadoras do evento da Alarys. O grupo, de capital britânico, está presente na região por meio da JLT Insurance Management, que tem sede em Bermudas, é um ativo gestor de cativas, com a administração de mais 200 cativas.

“A experiência de mercado de Bermudas está na inovação e em novas linhas de produtos que visam atender às necessidades dos gestores de risco”, observou Brad Kading, President and Executive Director of the Association of Bermuda Insurers and Reinsurers (ABIR), durante a abertura do painel que debateu novas tendências da indústria. “Para ser relevante para os nossos clientes, temos que ser criativo e focado em riscos emergentes e aumentar o seguro de penetração, uma vez que nós temos o capital para assumir esse risco.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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