IRB Brasil Re busca crescer até 20% em 2016, diz o vice-presidente Paul Conolly

paul conollyMais um ano diferente ao IRB Brasil Re. Depois de perder um monopólio que durou quase 70 anos, o dia a dia do maior ressegurador do Brasil e da América Latina é intenso. Assim que o setor foi liberado a concorrentes, mais de 100 resseguradores chegaram em menos de um ano. O susto foi grande, que o poder estatal e dos maiores sócios privados precisou ser acionado para preservar o mercado. A União é sócia majoritária do IRB, com 27,4% de participação, seguida de Banco do Brasil e Bradesco (20,4% cada um), Itaú (15%), e dos fundos de pensão e funcionários.

Uma nova lei deu ao IRB mais prazo para se adaptar e até 2020 a colocação obrigatória, que nunca foi usada, cairá de 40% para 15%. A oferta preferencial permanece indeterminadamente em 40%. Um prazo suficiente para fazer a lição de casa. Treinou funcionários, atraiu talentos, lapidou estratégias, ampliou horizontes e em 2015, ano em que faria a oferta inicial de ações, comemorou lucro recorde por ser considerado por clientes um dos melhores parceiros.

Em 2016, com a suspensão do IPO em circunstâncias do enfraquecimento do mercado de capital e da crise política e econômica do Brasil, o ressegurador segue sua missão de manter a liderança do mercado. Divulgou crescimento de 97% no lucro líquido recorrente de 2015, para R$ 764 milhões, e retorno sobre o patrimônio líquido, em bases recorrentes, de 29%, praticamente o dobro, quando comparado ao índice de 2014 que foi de 15%. As vendas superaram R$ 4,3 bilhões, avanço de 35% em relação a 2014. Desse montante, R$ 3,3 bilhões foram prêmios emitidos no Brasil e R$ 1 bilhão no exterior, que ampliou sua participação de 11% dos prêmios emitidos para 24% em 2015.

A reestruturação, que antecedeu a abertura do setor em abril de 2008, até a desistência do IPO em fevereiro deste ano, deu ao IRB credibilidade diante de um cenário desafiador como o que o Brasil enfrenta desde 2014. A agência A.M.Best destacou em recente texto em que manteve o rating Excelente (A-), com perspectiva de estabilidade, pois “em geral, o IRB continua a ter uma posição ímpar e forte no crescente mercado de (res)seguros brasileiro, juntamente com uma estratégia bem definida e um experiente quadro de funcionários para executar a sua expansão internacional”.

Leia abaixo a entrevista que Paul Conolly, vice-presidente de resseguro do IRB, deu ao blog Sonho Seguro.

Em 2016, a estratégia de buscar negócios fora do país será ampliada diante da retração da economia? Mesmo com projeções de uma retração que pode chegar a 4% do PIB, quais as expectativas do IRB com negócios no Brasil?

Nossa estratégia de diversificação será mantida e, independente do cenário no Brasil, estamos prevendo um crescimento de 15% a 20% no faturamento do IRB como um todo. A economia não tem previsão de crescimento, mas hoje o IRB conta com uma nova área de inteligência de mercado e de gestão de clientes, que adota uma nova postura, com uma visão global das nossas carteiras. A empresa também conta com novos sistemas, que nos permitem atuar em bloco para conquistar mais espaço no mercado, mesmo com o cenário desfavorável. O Market Share do IRB em 2015 aumentou, aproximadamente, 10% se comparado com 2014. E vamos continuar crescendo, mesmo tendo uma retração na base, como disse. O IRB conseguiu um resultado recorde, tanto financeiro, quanto operacional. Em particular, no operacional, o resultado de subscrição totalizou R$ 511 milhões, uma expansão de 21% em relação a 2014, o que correspondeu a mais de 80% do resultado do mercado entre os resseguradores locais, com uma sinistralidade recorrente abaixo de 60%.

Quais os segmentos que se mostram promissores?

Acreditamos em praticamente todos os ramos, entretanto, em alguns com provável crescimento nominal, como os riscos Financeiros, Vida e Rural.

Quais as principais linhas de negócios do IRB no exterior?

A principal linha foi o property, que hoje corresponde a 40% do prêmio retido do exterior. Vida é uma linha em que o IRB tem crescido bastante e quer desenvolver ainda mais no exterior; e no Agro, estamos trabalhando em busca de parcerias para ter um desenvolvimento sólido, com bons resultados.

Neste ano, várias seguradoras têm de fazer ajuste de capital. Está no radar do IRB a venda de resseguro das carteiras para reduzir a necessidade de aporte das companhias?

Já tivemos um caso de sucesso de risco financeiro estruturado no final de 2014, entretanto, não estamos dando foco nisso. Mas o IRB pode fazer, tem capital para fazer, tem conhecimento técnico e know-how desse tipo de produto e está totalmente aberto para analisar, se houver oportunidade.

A abertura gradual do mercado agora, de alguma maneira você vê isso de forma saudável para o IRB?

Essa mudança de legislação brasileira não é uma preocupação porque o IRB já tem uma posição conquistada de mercado, um market share que não é beneficiado pela legislação. As parcerias com os nossos clientes são muito sólidas, não me preocupo com a redução dos 40% obrigatórios. E com relação ao aumento do intragrupo de 20% para 75%, acontecerá gradualmente. O IRB hoje tem um índice de retenção acima de 70%, o que mostra que não somos uma empresa de fronting. Enfim, o IRB está preparado. Está posicionado com a estratégia consistente e de longo prazo, protegendo o seu prêmio retido e o seu Market Share.

O que significa o IRB ter mantido o rating A-?

Esta é mais uma vitória para o IRB. Manter o rating excelente, com viés estável, neste momento, é uma valiosa conquista. Além de nos encher de orgulho, demonstra que nossa nova estratégia está dando certo. Agora, vamos continuar nosso trabalho, nos prevalecendo dessa nova avaliação positiva para a empresa.

O quanto do lucro do IRB foi impulsionado pela variação cambial?

Na verdade, muito pouco, porque a variação cambial representou mais ou menos 6% do faturamento. Quando replicamos isso para o resultado, o número é ainda menor; por isso, acho que é irrisório diante do todo.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

1 COMENTÁRIO

  1. Denise, poderia comentar qual seria o impacto da variação cambial pra irb? Pelo que entendo isso afetaria os contratos de retrocessão no exterior somente.

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