Polpudos lucros acirram concorrência em 2011

2010 foi um ano de lucros recordes para as seguradoras. Isso significa dizer que 2011 promete ser um ano de grande concorrência. Afinal, o reinvestimento do ganho na operação aprimora produtos, serviços, tecnologia e dão margem para manobras no preço do seguro em segmentos nos quais se quer conquistar market share.

Hoje os jornais estão recheados de balanços financeiros das seguradoras. Estudo da consultoria Siscorp revela que o lucro líquido consolidado dos segmentos foi de R$ 9,7 bilhões, representando um retorno de 16% sob o patrimônio líquido do final de 2010. O faturamento alcançou R$ 111 bilhões (sem saúde) com crescimento de 17% sobre 2009.

Praticamente todas as seguradoras apresentaram lucro em 2010. Uma ou outra teve redução na lucratividade por motivos diversos, como maior volume de pagamento de indenizações ou por ter registrado em 2009 um evento extraordinário, não recorrente, e que prejudicou a comparação com o resultado de 2010.

BRADESCO
A Bradesco Seguros abriu a safra de balanços. A atividade de seguros e previdência permanece sendo uma importante fonte de receita para o conglomerado Bradesco. Dos R$ 10 bilhões de lucro líquido divulgado pelo banco Bradesco, 29% veio do braço segurador, com ganho de R$ 2,9 bilhões em 2010. O resultado foi 25% acima dos R$ 2,4 bilhões de 2009, beneficiado pelo aumento de 18% no faturamento, para R$ 31 bilhões, pelo menor desembolso de indenizações em relação ao volume de receita (a sinistralidade caiu de 74,7% para 72,1%, resultando num aumento de R$ 450 milhões) e pelas generosas taxas de juros que remuneram as aplicações de renda fixa no Brasil.

ITAU UNIBANCO E PORTO SEGURO
As operações de seguro, previdência e capitalização do Itaú Unibanco representaram 12% do lucro do banco, que chegou a R$ 13 bilhões em 2010, o maior do setor bancário. O faturamento do braço segurador avançou para R$ 7,6 bilhões. Aqui vale destacar que Itaú e Porto Seguros agora tem uma associação. Segundo balanço da Porto Seguro, o lucro líquido de 2010 chegou a R$ 623,4 milhões no acumulado de 2010, alta de 96% sobre os R$ 318,3 milhões do ano anterior. O resultado é apresentado no padrão IFRS com a combinação de negócios da Itaú Seguros Auto e Residência (ISa+r), incorporando os efeitos da amortização de intangíveis. Desconsiderando esses efeitos e no padrão BR Gaap, o lucro líquido seria de R$ 189,5 milhões no quarto trimestre, 59,5% acima de igual intervalo de 2009, e de R$ 659,8 milhões em 2010, 101% maior que no ano anterior, como explica a empresa em relatório de desempenho.

BB & MAPFRE
A BB & Mapfre, marca definida entre Banco do Brasil e Mapfre para as operações de ramos elementares e vida, vem com lucro reforçado, incluindo a Aliança do Brasil. A Mapfre Seguros encerrou 2010 com lucro bruto de R$ 522,1 milhões, o maior resultado de sua história no Brasil. O lucro liquido chegou a R$ 360,2 milhões, avanço de 89,9% sobre o resultado de 2009. O faturamento em prêmios obtidos com seguros totalizou a quantia de R$ 4,7 bilhões, resultando em um aumento de 7,1%, sem considerar a carteira da Mapfre Nossa Caixa, que já está consolidada na Aliança do Brasil.

“Foi um ano excepcional para a Mapfre. Até mesmo a carteira de seguro transporte, que vinha apresentando resultado negativo, se recuperou e apresentou um desempenho satisfatório”, informa Santos. Conquistar esse resultado em um ano de integração que envolve mais de dez companhias é para ser comemorado. A marca e os CEOs já estão definidos. BB & Mapfre, uma das maiores seguradoras do Brasil e da America Latina, tem Antonio Cássio dos Santos (foto) como CEO para as operações de automóvel, afinidades e ramos elementares (residencial, empresarial entre outros) e Roberto Barroso como CEO das operações de vida, habitacional e rural. O balanço de 2010, no entanto, ainda não pode ser consolidado. “O balanço semestral deste ano já deverá apresentar as operações consolidadas”, conta Santos.

A Companhia de Seguros Aliança do Brasil obteve lucro líquido de R$ 499,6 milhões em 2010, 58,1% superior ao registrado em 2009. A produção de prêmios emitidos líquidos foi de R$ 2,4 bilhões, incremento de 10,8% sobre o ano anterior.
No segmento de vida, principal foco de atuação da companhia, verifica-se incremento de 28% no ano de 2010, quase o dobro do mercado, que cresceu 15,3%, segundo dados da Susep.
”A empresa vem priorizando investimentos que tenham foco no cliente, com o desenvolvimento de produtos e ampliação dos serviços. O resultado foi a ampliação nas vendas de todos os seus segmentos”, afirma Roberto Barroso, CEO da BB & Mapfre para as operações de vida, habitacional e rural.

CAIXA SEGUROS
A Caixa Seguros apresentou lucro líquido de R$ 889 milhões em 2010, acima dos R$ 759 milhões de 2009. O faturamento chegou a R$ 6,59 bilhões. Segundo o balanço, o grupo tem 8 milhões de clientes e obteve rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 39,9%.

SULAMERICA
A SulAmérica obteve lucro líquido total de R$ 614 milhões em 2010, incremento de 48,5% em relação a 2009. Os prêmios de seguros da SulAmérica registraram alta de 15,2%, avançando para R$ 8,4 bilhões. “Esse é o maior resultado já alcançado pela companhia em toda sua história de mais de 115 anos”, comemorou Thomaz Cabral de Menezes, presidente da SulAmérica, em seu primeiro ano de mandato.

O executivo destacou que, em termos recorrentes, o lucro líquido foi de R$ 426,6 milhões, também acima dos resultados de exercícios anteriores apurados nessas mesmas bases. Ele citou a venda da participação da SulAmérica na Brasilveículos e do imóvel onde está localizada a sede da companhia em São Paulo entre os fatores que influenciaram positivamente o lucro do ano.

LIBERTY
Na Liberty, empresa do grupo Liberty Mutual, um dos maiores conglomerados globais da indústria de seguros, o lucro líquido da companhia também avançou, e bateu a marca de R$ 30 milhões, valor 76% maior que o verificado no ano anterior. O faturamneto avançou 26%, para R$ 1,9 bilhão em 2010. O patrimônio líquido da companhia fechou em R$ 617 milhões. Alem dos bons resultados do ano, a seguradora anunciou um aporte de capital de US$ 100 milhões. “Estamos preparando o terreno para um novo salto de crescimento em 2011”, diz Luis Maurette, presidente da companhia no país.

ALLIANZ
A Allianz Seguros divulgou lucro líquido de R$ 125,2 milhões em 2010, 56,5% superior ao lucro registrado em 2009. “A redução da sinistralidade deu uma boa base à companhia para atingirmos os planos de crescimento de 2011”, diz Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros, em nota divulgada. Nos segmentos em que atua, os prêmios emitidos somaram R$ 2,1 bilhões, com alta de 12,9% em relação a 2009, quando obteve R$ 1,9 bilhão. O índice de sinistralidade atingiu 56% sobre os prêmios ganhos, apresentando uma melhora de quatro pontos percentuais em comparação ao ano anterior. A Allianz Saúde, braço de seguro saúde da Allianz Seguros, obteve prêmios retidos da ordem de R$ 437,8 milhões em 2010, com alta de 19,3% sobre o ano anterior. O lucro líquido foi de R$ 22,1 milhões, com incremento de 51,4% em relação ao período anterior e o retorno sobre o patrimônio líquido foi de 20%.

CHUBB
A Chubb Brasil faturou no ano passado R$ 885 milhões em prêmio bruto, 13,5% maior que em 2009. O lucro líquido chegou a R$ 30,5 milhões. Segundo a empresa, por conta de algumas indenizações elevadas com as enchentes, o ganho foi 18% menor que o registrado em 2009. Em 2010, a sinistralidade da companhia foi de 50,2%, ante 47,8% no ano anterior.

ACE

HSBC Seguros
A HSBC Seguros, subsidiária do HSBC Bank Brasil, obteve lucro de R$ 320 milhões em 2010, um crescimento 22,6% em relação à 2009. A receita de prêmios em 2010 foi de R$ 604 milhões, um aumento de R$54 milhões ou 9,8% em comparação com R$ 550 milhões em 2009. As despesas operacionais para o exercício de 2010 foram de R$167 milhões, R$ 12 milhões a mais que os R$ 155 milhões em 2009, crescimento de 7,7%. As reservas técnicas foram de R$ 387 milhões em 2010, R$ 74 milhões maior, 23,6%, em comparação com R$ 313 milhões em 2009. Em 2010, os ativos totais alcançaram R$ 2, 36 bilhões, até R$ 377 milhões, ou 18,9% em comparação com R$ 1, 99 bilhão em 2009. O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 19,6% em 2010, contra 18,8% em 2009.

Para Fernando Moreira, CEO da HSBC Seguros, a melhoria de eficiência na geração das vendas e a sinergia com a estrutura da rede de agências do banco e da Losango permitiu um forte desempenho em vendas a partir de 2010, com reflexos positivos em 2011. “Nossa penetração dentro da base nos permite explorar um grande potencial, além de nos valermos da nossa presença em vários segmentos. Investimentos na capacitação das equipes juntamente com políticas adequadas de subscrição, gestão de riscos e de processos são pilares importantes da sustentação do nosso plano de negócios. Além disso, a nossa estratégia comercial é um diferencial para os próximos anos, com reflexos já no curto prazo, onde esperamos crescer mais que o mercado”, disse ele em nota divulgada.

HDI
A HDI Seguros, que distribui seguros na rede do HSBC, encerrou 2010 com um lucro, antes dos impostos e participações de R$ 77,9 milhões — uma alta de 33%, se comprado a 2009. O faturamento chegou a R$ 1,4 bilhão, registrando crescimento de 18,7% em relação ao ano anterior.

ICATU
O Icatu Seguros informou, por meio de com unicado à imprensa, lucro de R$ 79 milhões em 2010, declínio de 25% em relação ao exercício imediatamente anterior. O faturamento foi de R$ 1,8 bilhão em 2010, um crescimento de 7% comparado a 2009. De acordo com a presidente do Grupo Icatu Seguros, Maria Silvia Bastos Marques, esta redução é explicada pelo fato de que, em 2010, a Companhia teve despesas geradas por eventos extraordinários e decidiu rever seus procedimentos para provisionamento judicial. “Isso resultou em um aumento de reservas e adicionando mais segurança às suas operações”, relata.


BRASILPREV
A Brasilprev, empresa de planos de previdência complementar do Banco do Brasil, anunciou lucro líquido recorde de R$ 300,1 milhões em 2010, um crescimento de 16,4% ante 2009. A receita dos planos da seguradora atingiu a marca de R$ 10,2 bilhões, um crescimento de 57,6% em relação ao período anterior. Na avaliação do presidente da Brasilprev, Sérgio Rosa, o aumento das vendas é explicado pela melhora da economia, que fez a renda da população crescer e aumentar a disponibilidade de recursos para poupar, seja nas classes A e B, seja entre as pessoas de menor renda.

METLIFE
A MatLife fechou o ano de 2010 com um patrimônio líquido de R$ 379,4 milhões e lucro líquido de R$ 34,1 milhões, gerando um retorno sobre o PL de 9%. Os prêmios retidos chegaram a R$ 627,4 milhões em 2010, representando um aumento de 12% quando comparado ao período anterior. “Tivemos um crescimento muito expressivo de cinco anos para cá. Enquanto o mercado de seguros de vida cresceu 15%, as independentes, grupo no qual estamos, mantiveram o patamar de 9%. Isto demonstra nossa capacidade de crescer com constância e solidez”, completa.”, diz Hélio Kinoshita, presidente da MetLife Brasil.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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