Analistas aprovam negociação entre Porto e Itaú

As notícias da indústria de seguros continuam em torno da negociação entre Porto Seguro e Itaú Unibanco. É unânime a opinião de que este foi o grande negócio do século para ambos. Além de conquistar uma carteira de bom tamanho, Jayme Garfinkel ainda ganhou uma rede de distribuição de mais de 4,5 mil pontos, tem a confiança dos corretores e a perspectiva de internacionalização junto com os planos do Itaú. Além disso, a negociação agregou valor para as ações, uma vez que a expectativa de ganhos de sinergia, pelo mercado, seja em receita ou despesa, supera R$ 404 milhões.

A seguir, os comentários de analistas e profissionais do setor sobre a negociação.

Standard & Poor’s
De acordo com Standard & Poor”s Ratings Services, o negócio de seguros a ser transferido a Porto Seguro é pequeno para o conglomerado financeiro do Itaú Unibanco e, portanto, não terá impacto sobre o resultado da instituição. “No entanto, esperamos que o Itaú Unibanco se beneficie da expertise reconhecida da Porto Seguro no ramo de seguros de automóveis e da posição de mercado mais robusta das operações combinadas. Potenciais sinergias e a alavancagem por meio da rede de distribuição deverão possibilitar ao Itaú Unibanco se favorecer de seu investimento na área de seguros e melhorar sua rentabilidade”, explica o relatório divulgado pela instituição. A S&P destaca que a associação para unificar suas operações de seguros residenciais e de automóveis não terá impacto imediato sobre os ratings do Itaú Unibanco (BBB/Estável/A-3 e brAAA/Estável/brA-1).

Credit Suisse
A recomendação do Credit Suisse para as ações do Itaú Unibanco é de outperform. Os analistas avaliam que a transação é muito positiva para o banco, que combina a sua ampla rede de distribuição com a Porto Seguro, que detém forte expertise no seguro de carro. A pequena participação do segmento de seguros no resultado do banco, em torno de 12%, tende a crescer após a associação. No primeiro semestre, o negócio representou pouco menos 12% do lucro da instituição. Os analistas do Credit acreditam que as operações com seguros passem a ser um importante driver de crescimento dos resultados do banco nos próximos anos, diante da potencial de penetração adicional dos produtos, especialmente dentro da base de clientes ex-Unibanco. Por este motivo,

Merill Lynch
Jorg Friedemann, analista do Merill Lynch Bank of América, recomenda a compra das ações do Itaú Unibanco. O preço alvo é de R$ 35 para as ações. O acordo anunciado é classificado como positivo, já que se enquadra perfeitamente na força da carteira de financiamento de veículos do banco, o que permite oportunidades de venda para seguros de automóveis. A Porto Seguro tem uma marca forte em seguros de veículos e experiência no ramo de auto, com 21% de market share.

Ativa Corretora
A Ativa Corretora afirma que o negócio é positivo principalmente para a Porto Seguro, que continuará listada no Novo Mercado e ainda usará a rede de agências do Itaú Unibanco para distribuir seus produtos. Já para o Itaú, a parceria foi bastante barata. Pelos cálculos da corretora, o Itaú pagou um múltiplo de 1,66 vez a relação preço\/valor patrimonial (P\/VPA) pela ação da Porto Seguro, bem abaixo das 5 vezes pagas pela Yasuda na compra de 50% da Marítima em maio. Para o Itaú, uma maior exposição no setor de seguros é positiva, uma vez que diversifica o ramo de atuação num momento de crescimento menor das carteiras de crédito e dos “spreads”.

Austin Asis
A incorporação da carteira de seguro para veículos do Itaú Unibanco reforça a liderança da Porto Seguro no mercado, segundo levantamento de Erivelto Rodrigues, da Austin Rating. Para ele, a proposta do Itaú foi melhor que a do Bradesco para a seguradora. “Ela mantém o controle da empresa e pode oferecer o produto na rede do banco. Se tivesse fechado com o Bradesco, sua carteira seria incorporada”, disse para a Folha. Para o Itaú, a vantagem é que poderá focar no setor bancário e não no de seguro automotivo.

Alfa Seguradora
“Esta recente associação, gerou de fato uma grande empresa do setor, que possuirá o expertise da Porto ,mais o grande balcão do Itaú/Unibanco a sua disposição, para fazer o que bem entender. Mas nós acreditamos que as seguradoras de pequeno e médio porte, assim como a Alfa, sofrerão menos o impacto, se comparadas aos “big players”, por estarem firmes na operação com alguns corretores de seguros e principalmente por terem escolhido nichos específicos de mercado”.

Sincor-RS
O presidente do Sincor-RS, Celso Marini, avaliou a associação entre Itaú Unibanco Seguros e Porto Seguros. “Por um lado isto demonstra um fato preocupante, que é a redução do número de seguradoras no Brasil. O leque se reduz cada vez mais e isto representa a concentração do mercado nas mãos de poucos. Por outro lado, temos o prenúncio de uma companhia muito forte, com grandes reservas técnicas e uma carteira operacional gigantesca. Em relação aos corretores de seguros, fica a esperança de que a nova companhia mantenha e amplie a política de parceria com nossa categoria”.

Flávio Faggion, consultor da Siscorp, especializada em seguro
Como não vejo que, pelo menos a curto prazo, a Porto venha a mudar os preços (para baixo), o mercado de seguro de automóveis não vai aumentar de tamanho. A Porto terá que pensar numa estratégia de preços dos seguros vendidos pelos corretores e aqueles vendidos nas agências do Itaú. Acredito que vai haver certa homogeneização. Os concorrentes ficarão muito atentos no comportamento da Porto bem como os concorrentes. É muito provável que as seguradoras tomem atitudes mais agressivas do que vem fazendo até hoje. Se esses movimentos forem na linha de redução de preço (que não tenho muitas expectativas) poderá, aí sim, representar algum aumento do tamanho do mercado, mas mesmo assim não muito significativo. Quanto aos investimentos dos estrangeiros nos seguros de massa, acredito que essa parceria tenha arrefecido um pouco a vontade deles.

Luis Roberto Castiglione, consultor
Luis Roberto Castiglione, consultor e membro da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) e do Instituto Roncarati de Seguros, diz que o principal ganho da negociação entre Porto e Itaú será o aumento da margem para a Itaú Unibanco. No longo prazo, a Porto Seguro poderá atingir rentabilidade melhor para a carteira do Itaú, cujos sinistros retidos somaram R$ 1,1 bilhão no primeiro semestre. Caso o índice de sinistralidade fosse o mesmo da Porto, a margem líquida seria 4,5 vezes maior para o banco.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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